Será que os mais jovens, tão conectados e acostumados com a linguagem da internet, estão mais protegidos das fake news

Com a tecnologia, a desinformação pode assumir tantas nuances que é difícil imaginar alguém que esteja 100% preparado para evitá-la o tempo todo. Por isso, a educação midiática deve ser um exercício permanente.

Por Daniela Machado

Se você acha que cair em fake news é coisa que só acontece com aquela tia mais idosa que compartilha correntes, sorteios mirabolantes e teorias da conspiração, é melhor pensar duas vezes.

As mentiras que circulam pela internet podem ter tantas variações que é quase impossível dizer que estamos totalmente imunes a escorregar em uma delas.

Até seria bom se toda fake news fosse escandalosamente falsa, como as montagens que mostravam tubarões pelas ruas e estações de metrô de Nova York após uma enchente. Mas o que acontece quando a inverdade tem cara e jeito de verdade? Recursos tecnológicos sofisticados e cada vez mais acessíveis permitem que as informações falsas ganhem ares de realidade.

Quer um exemplo? Com ajuda de inteligência artificial, pesquisadores da Universidade de Washington colocaram palavras na boca do ex-presidente norte-americano Barack Obama — literalmente.

A nova (e mais elaborada) geração de fake news vem aí, sem que tenhamos garantido o combate às versões mais inocentes.

Mesmo entre os chamados “nativos digitais”, que já nasceram sob influência da internet, a facilidade em lidar com as novas tecnologias está muito longe de se traduzir em habilidade para compreender toda a informação por ela gerada. Uma ampla pesquisa realizada pelo Stanford History Education Group mostrou que a maioria dos estudantes não consegue identificar a fonte de uma informação ou perceber as diferenças entre uma notícia e uma peça publicitária.

“Nossos nativos digitais são capazes de vir e voltar do Facebook para o Twitter ao mesmo tempo em que fazem o upload de uma selfie no Instagram ao mesmo tempo em que escrevem uma mensagem para o amigo. Mas, quando o assunto é avaliar a informação que transita pelas redes sociais, eles são facilmente enganados”, apontou a pesquisa, depois de acompanhar mais de 7.800 estudantes de 12 Estados norte-americanos.

E o que podemos fazer? Já que é impossível conhecer profundamente todos os assuntos (a ponto de, logo de cara, saber o que é falso e o que é verdadeiro), o que está ao nosso alcance é desenvolver o olhar crítico para desconfiar, refletir, pesquisar. São habilidades como essas que a EDUCAÇÃO MIDIÁTICA busca construir.


Daniela Machado é jornalista e cofundadora do reZOOM. Tem 20 anos de experiência como repórter e editora em importantes veículos de comunicação, como Reuters e Valor Econômico. 

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