Já parou pra refletir? Quem comanda o descomando no Rio de Janeiro, o Brasil da economia e o Brasil do dia a dia e mais no reZOOM de 9 de fevereiro.
A MÚSICA É…
“Rio 40 graus”
Gravada por Fernanda Abreu e lançada em 1992 , a canção continua atualíssima. Rio de Janeiro “purgatório da beleza e do caos” e “capital do sangue quente, do melhor e do pior do Brasil” são expressões que ainda servem muito bem para descrever a cidade engolida pelas disputas do tráfico de drogas, pelas balas perdidas, pela crise geral.
Desde 2007, 44 crianças morreram vítimas de balas perdidas no Rio, de acordo com um levantamento da ONG Rio da Paz . O número já é suficientemente assustador, mas fica ainda mais chocante quando as histórias por trás deles são escancaradas: Emily (de 3 anos) estava dentro do carro da família, Jeremias (com 13 anos) tinha saído para jogar futebol, Arthur foi atingido antes de nascer, na barriga da mãe.
DRAGÃO DOMADO
Era uma vez um país onde os trabalhadores recebiam seu salário e, no mesmo dia, corriam para o supermercado. Por que a pressa? Não se tratava de fome, mas do medo de que no dia seguinte os preços já teriam subido tanto que, com o mesmo salário, não seria possível mais encher o carrinho de compras.
Foi assim que o Brasil viveu na década de 80 – a época da hiperinflação, com sua figura assustadora de dragão estampada nos jornais e revistas. Por isso, hoje em dia, a informação de que os preços já não sobem na velocidade de antigamente é tão comemorada e noticiada.
Ontem foi divulgado que o índice de inflação “oficial” do país (chamado de IPCA) em janeiro foi o mais comportado para o mês desde 1994. Naquele ano, o governo adotou um plano econômico que conseguiu domar o dragão, o Plano Real.
Com a inflação sob controle, um outro termômetro da economia brasileira está atingindo níveis nunca vistos. Trata-se do juro básico, um percentual definido pelo governo e que serve de referência para o rendimento do que é investido nos bancos e para os empréstimos. Esse juro (que atende pelo nome de Selic) caiu para 6,75% ao ano nesta semana.
São bons sinais para o país, embora muito do que se veja no dia a dia dos brasileiros ainda se pareça mais com um cenário de crise. O número de pessoas desempregadas, por exemplo, continua alto.
reZOOMOS
De Tarsila… O Brasil vai fazer bonito em Nova York. Obras importantes de Tarsila do Amaral, um dos principais nomes do modernismo no país, farão parte de uma grande exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) a partir de domingo. O site do museu preparou um material bem interessante para apresentar a artista ao público.
… a Anitta. A cantora foi convidada a fazer uma palestra em Harvard. O evento é organizado pela comunidade brasileira de estudantes na região de Boston e acontece em abril. A estrela de “Vai Malandra” ainda não confirmou se vai mesmo.
educaZOOM
Repórteres e fotógrafos de guerra costumam despertar o interesse de muita gente. Tanto é assim que há uma lista enorme de filmes (reais e de ficção) que tratam do Vietnã, do Afeganistão, do Irã etc. E quando a guerra está bem ao nosso lado? Já que falamos sobre o Rio de Janeiro, veja a seguir como o Extra , um jornal importante na cidade, resolveu se posicionar.
Em agosto do ano passado, diante do aumento da violência, o jornal criou uma seção (que é chamada de editoria na linguagem jornalística) de “Guerra” para as notícias do Rio. Eis a justificativa:
“Um feto baleado na barriga da mãe não é só um caso de polícia. É sintoma de que algo muito grave ocorre na sociedade. A utilização de fuzis num assalto a uma farmácia não pode ser registrada como uma ocorrência normal. A morte de uma criança dentro da escola ou a execução de um policial são notícias que não cabem mais nas páginas que tratam de crimes do dia a dia. A criação da editoria de guerra foi a forma que encontramos de berrar: isso não é normal! É a opção que temos para não deixar nosso olhar jornalístico acomodado diante da barbárie.”